"Tudo começa como uma brincadeira de criança.
A professora propõe uma posição e a gente tenta imitar.
Quando conseguimos, a gente se exibe toda orgulhosa e satisfeita. "E aí? Eu não sou demais mesmo?"
E se não chegamos lá?
Aí a gente abre um cantinho de olho e dá uma espiadinha pro colega do lado e pensa... "Puxa! Ele consegue e eu não... Mas um dia chego lá. "
Depois de um certo tempo, e isso é tão semelhante com vida, parece que tudo isso não faz mais sentido: a gente até "chega lá", mas.. E DAÍ?
Será que objetivo era esse mesmo?
É neste momento que ecoa frases da professora: "Isso não é uma competição. É vc com vc mesma...CONQUISTE a postura."
Conquistar a postura? O que vem a ser isso?
Com o tempo, percebemos que é possível sintonizar corpo, mente e espírito, e experimentar os benefícios e o prazer de cada exercício. A alegria não está no objetivo, mas sim no caminho a ser percorrido.
Neste momento, não existe mais ninguém na sala de aula além de você com sua imensa alegria do chegar lá elegantemente, sem tensões, sem forçar a natureza, sem reparar no que está acontecendo em volta.
Praticamos, então, yoga por puro prazer, não nos importa mais nada.
A mente, antes tagarela e dominadora, fica serena.
O corpo antes rígido, conhece o rigor e a suavidade provacada por testarmos seus lugares nunca antes explorados.
Surge então, em todo o seu esplendor, o ato de respirar. Este ato involuntário tão negligenciado em nossa vida cotidiana.
Tudo se resume a respirar conscientemente. Ah! Esse movimento tão simples e essencial. Onde vc estava que eu nunca lhe dei a devida importância?
Depois de um certo tempo, percebemos que não se trata apenas de oxigênio e gás carbônico: quando respiramos, estamos lidando com a própria VIDA em si. No ato de inspirar trazer a vida para dentro de si. No ato da expiração, a gostosura de deixar as coisas simplesmente irem, o desapego, os traumas, as pessoas... O vazio: o prazer do nada. .. Tudo vai mas EU FICO!
Respirar é a vida plena dos seus altos e baixos, de alegrias e tristezas, de momentos leves e pesados, de pessoas que vêm e que vão, de posicionamentos a serem conquistados, ora de guerreiros, ora de heróis, que exigem o rigor de um raio ou a leveza de uma pomba ...
Neste momento, a sala de aula não se resume àquela do Instituto Namaha.
Ela se expandiu para o trabalho, para a casa, para o ambiente com os amigos, com os pais ou com nossos filhos.
Podemos praticar yoga no carro, no banheiro, antes de dormir ou mesmo num momento difícil...
E quando experimentamos a não-violência de nossa própria natureza, um bem-estar começa a fazer morada dentro de nosso coração.
Uma sensação de que todos somos um e de que o Universo inteiro pode estar aqui dentro... e eu, carinhosamente, faço parte D'Ele também.
De repente nos damos conta de que nos faz companhia permanente uma linda semente, que sempre esteve dentro de nós: a semente da paz espiritual.
Que esta singela semente faça sua morada no coração de todos os filhos do planeta Terra.
Namastê!"